quarta-feira, abril 04, 2007

Stella Renata

Olá amigos e amigas do Renatadas. Tudo bom ? Espero que sim.

Embora eu acredite que seja possível haver essa impressão, esse post não falará do nome que terá minha filha, caso eu venha a ser abençoado com uma. hahahaha... ;-)

Entrando na onda "quem conta um conto", inaugurada pelo Pierrot Louco, blog amigo-irmão do Renatadas, o título desse post reproduz o título de uma singela historinha que publicarei aqui.

Espero que vocês gostem.

Sem mais delongas:

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Stella Renata
por Renato de Faria Cavalheiro

Era uma vez um jovem inexperiente, tímido e carinhoso, com grande interesse em conhecer profundamente o amor.
Era uma vez uma jovem inexperiente, curiosa e impetuosa, com grande interesse em praticar profundamente o amor.
Eles sabem o que querem. Ambos sabem. Ambos querem.

Um certo dia, eles se encontraram. Obra do acaso, destinos cruzados em espaço aleatório.
E, por mais estranho que pareça, eles souberam.

Num sorriso trocado para além de suas faces, palavras leves se fizeram. Tão leves, flutuaram pelos céus que cada um guardava dentro de si, tal qual a brisa primaveril das auroras róseas, perfumadas em florais, elevando seus espíritos para um lugar muito além daquele onde seus corpos se encontravam.

Nesse momento, em que as nuvens nada mais eram do que sutis colinas brancas a correr por baixo de ligeiros pés, deu-se uma transformação. Parte do caloroso ar que se abrigava no âmago desses jovens resfriou-se, rapidamente, como nos fins de tarde que abraçam as chuvas de verão. Arrepios... Liberdade... Bem-estar... Prazer... A segurança do ventre não apenas relembrada, mas revivida fora dele.

Como não poderia deixar de ser, aquele momento encontra seu fim. Lá vão os jovens percorrer suas estradas, seguir suas rotineiras jornadas pessoais. Entretanto, algo mudou nesses jovens. Falta alguma coisa. Onde está a rotina ? Onde está minha solidão ? Aquela jovem pessoa se foi, então por que os ares de sua presença não deixam meu ser ? Aquela jovem pessoa tão agradável, tão, tão... Amável... Amável ?

Repentinamente, voltamos ao inverno. Súbito voltamos ao frio. E lá está ele novamente, o parasita, o sombrio predador das sobras de nossos seres. Lá está ele apenas esperando por nós, apenas esperando para que sejamos seu alimento: Lá está ele !

Terrível, surge seu rosto disforme. O medo, gélido, cortante, cruel, impiedoso. A seu lado direito, com sua face obscura e seu olhar hipnotizante, sua inseparável consorte (melhor seria com-azar), a insegurança. A seu lado esquerdo com sua feição indecifravelmente séria e assombrosa, sua lasciva concubina, a incredulidade.

Podem imaginar, como seria natural, que nada de bom pode se esperar de tão malfadada união. Assim eis que surgem, como que espontaneamente nascidas dos dejetos de nossa humanidade, as desagradáveis larvas dessas criaturas repugnantes, as dúvidas. E elas não surgem sozinhas, nunca. Surgem sempre aos montes e se agarram à humanidade, sugando o quanto podem de nossa força interior e de nossa saúde holística.

Eis então a hora da verdade. Os jovens devem decidir: Permitirão que as dúvidas os corroam e forneçam ainda mais alimento, força e vulto ao medo e suas parceiras ? Reunirão suas forças interiores e batalharão por aquela fugidia primavera ?

Mais uma vez, os destinos convergem. Às armas, à peleja, definitivamente, ao amor.

No campo onde cada um combate o melhor de todos os combates, os ataques às forças malignas do medo ocorrem em duas frentes: Vanguarda e retaguarda. Nenhum do jovens sabe isso de antemão, lutam como se houvesse um túnel a ser aberto na direção da primavera que viveram na companhia um do outro. Batalham, batalham, batalham,... Combatem, combatem, combatem,... Lutam, com toda a bravura, força e capacidade que possuem, sem olhar para trás, sem temer, sem fraquejar...

De repente, abre-se o céu. Os cantos dos pássaros ecoam novamente. Eis que, no meio, exatamente no centro absoluto do campo de batalha, os jovens se reencontram. Desse reencontro, uma pequena, brilhante e calorosa estrela, um pequeno Sol, toma forma, abarcando tudo e todos nesse local. Ao medo, agora abandonado por suas parceiras, a insegurança fugitiva, e a incredulidade morta, nada mais resta além de bater em retirada com o pouco que sobrou de suas forças e esconder-se, esgueirando pelas pouquíssimas sombras que ainda restam.

Com uma troca sorridente de olhares e a partir dessa estrela, novamente se faz presente a primavera, que a tudo colore, perfuma, aquece, deleita, encanta e abriga. E no decorrer dessa epifania de cores, prazeres e amores, uma doce voz ecoa.

- Stella Renata, cá estou eu. O Amor de vocês me trouxe de volta. Enquanto cultivarem essa terra com os belos sentimentos de seus corações, enquanto habitarem-na, enquanto dançarem e cantarem sobre ela, sempre haverá aqui os mais doces frutos, os mais belos e agradáveis pássaros canoros, as mais agradáveis temperaturas, os mais delicados perfumes e as mais belas visões que seus olhos puderem enxergar.

- E estejam certos que, enquanto cultivarem e desenvolverem seu Amor, devido à imensidão da força que Ele adquirirá, o maligno medo fugirá daqui e vocês estarão absolutamente livres dele. Apenas tenham cuidado, pois se derem ao medo uma nova morada nas terras do Amor, ele invariavelmente a enfraquecerá, corrompendo-a aos poucos e tomando a para si conforme o Amor abandonar à própria sorte esses espaços insalubres.

Então, da fala doce, a voz se tornou um melodioso e belíssimo canto, que foi fenecendo até perder-se entre os cantos dos inúmeros pássaros que rodeavam o casal de jovens, voando em uma charmosa, dançante, alegre e colorida ciranda, emoldurada por pétalas das mais diversas flores, plumagens e folhagens que o vento fazia flutuar por todo o campo no mesmo momento em que os lábios se uniam numa efemeridade infinita.

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Sem mais, apenas peço-lhes, por favor, que desculpem o tamanho do post e compreendam que eu precisava dar vazão a todos esses "poliânicos" e mágicos sentimentos que, recentemente, recuperaram sua força dentro de mim.

Beijão para as belas meninas-flores, um abraço, tudo de bom e felicidades a todos e todas que colaboram com esse que vos escreve na recepção, no cultivo e no melhor aproveitamento das primaveras que, sazonalmente, ocorrem em meu âmago.

Até mais.

De seu amigo,

Renato F.C.

6 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Adoro posts longos!
E parabéns pela primavera... nem só de inverno vive o clima e ainda bem que é assim...
;)

Beijos!

5:01 PM

 
Blogger The Prince. said...

Lord Cavo...você passou uma rasteira no GutoPATO, eim? XD

Ficou muito bom o seu conto!!! principalmente pela reviravolta dos dois se reencontrarem. Isso mostra que mesmo esses "demônios interiores" atingirem agente, nós devemos aprender a lutar contra eles e nào criá-los mais.

Bom, esse coment vai ser pequeno porque estou sem muita idéia do que escrever. XP Sorry...mas, quem sabe na próxima, eu escrevo algo com maior significado!

Kisses for you!

7:13 PM

 
Blogger Priscila said...

Impossível visitar seu blog uma vez e não voltar para xeretar de novo. Adorei sua Stella Renata.
Parecia um bom nome pra filha mesmo,rsrs.
Faz muito tempo que eu não lembro o que é sentir que a primavera se faz presente e "a tudo colore, perfuma, aquece, deleita, encanta e abriga" por uma simples troca de olhares.

Toda a sorte do mundo pra você ;)

8:26 PM

 
Blogger Gutobat said...

Muito bom seu post, como de praxe.

Vcs, leitores, vêem que o brother do pierrot não se contenta em aproveitar a idéia alheia. Além de postar um conto, ele ESCREVE o próprio conto e humilha impiedosamente o pobre coitado pierrot, chorando na sarjeta.

Dizem as massas ***saco de estrume na mão*** : JOGUEM MERDA NELE!!!

Hahahaha não, falando sério, muito bom tem conto. Meio afrescalhado no começo por conta das nuvens de algodão, como diria o Régis, mas com grandes sacadas inerentes à psique humana. Ou algo assim.

Parabéns, velho! E até mais.

12:31 PM

 
Blogger Paulo Roberto said...

Ae! Primeiro post meu aqui, Cava. Legal mesmo o conto. Eu já escrevi uns contos assim, mas não "virtuamente", mas com sulfite e bic. Quem sabe um dia eu posto algo assim tb...

Abraços!

11:45 AM

 
Anonymous Anônimo said...

Pow, Renato, esse conto foi uma covardia de lindo! Parece até um daqueles contos impetuosos do Wilde, que eu amo de paixão!

Vc não tem nada que pedir desculpas, nós é que temos que agradecer pela vazão primaveril (a primavera é a minha estação preferida).

Parabéns, and keep on going!

Puta bjo

Elisa

7:47 PM

 

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